Breves horas, Amor, ha, que eu gozava
A gloria, que minha alma apetecia;
E sem desconfiar da aleivosia,
Teu lisonjeiro obsequio acreditava.

Eu so a minha dita me igualava;
Pois assim avultava, assim crescia,
Que nas cenas, que entao me oferecia,
O maior gosto, o maior bem lograva;

Fugiu, faltou-me o bem: ja descomposta
Da vaidade a brilhante arquitetura,
Ve-se a ruina ao desengano exposta:

Que ligeira acabou, que mal segura!
Mas que venho a estranhar, se estava posta
Minha esperanca em maos da formosura!

Claudio Manoel Da Costa (1729-1789)